
Era uma vez uma araucária! É assim que começam as histórias com final feliz. Esta não terá final feliz, de certeza!!!
A araucária, assim chamada porque ninguém a baptizou com apelido, vivia confortável e feliz num jardim de uma casa, onde viviam algumas pessoas. Era uma árvore de grande porte, tinha crescido depressa e bem, tinha uma casota para passarinhos que alguém lá tinha instalado e que a embelezava sobremaneira. Tinha ramos portentosos, muito verdinhos e era uma espécie de marca de um certo lugar. O jardim da araucária tinha uma casa semeada. A casa era grande, com muitas mais pequenas casinhas lá dentro. Nelas viviam habitantes fixos, habitantes móveis e muitos visitantes. De vez em quando estranhava algumas mudanças, umas pessoas que deixavam de aparecer, outras que começavam a visitá-la com regularidade. (Eu, aqui e agora narradora vestida de araucária, sou dos habitantes novos e não regulares, mas isso não me retira a qualidade de amante da araucária.)
Ela era uma espécie de grande pedra numa montanha, um menhir, um cromeleque, uma coisa sagrada que de tão grande e amada, ninguém lhe suspeitaria um fim próximo. Mal ela sabia do devir...
Mas pelas bandas do lugar da araucária, existiam também outras pessoas ... como naquela história do rei leão substituído por férias ... que limavam as unhas por mariquice! Pois! Assim foi! Leão de férias, ou melhor, habitantes regulares e irregulares do jardim da araucária que também tinha uma casa com outras casas lá dentro...em vez de limar as unhas, limaram a araucária.
Cortaram ramo a ramo, a araucária a chorar, a gemer e a pedir que a deixassem viver, mas os senhores que não são da casa ... impiedosos e perante o poder da araucária decidiram decepá-la, tirar-lhe membro a membro, ramo a ramo o seu porte altivo e garboso. Cortaram o cabelo ao Sansão, deixaram-lhe um "tufo à punk", ridículo a espreitar não sei para onde, deitaram para o lixo o seu adorno casa de passarinhos e vivem agora felizes imitando o leão substituto.
Consultei uma especialista, para fazer o diagnóstico de uma araucária em semelhante estanto e o veredicto foi departir o coração: a árvore vai morrer!!!
Dedico estas palavras mal alinhavadas aos amantes da araucária: Ao Zé, à Rosarinho e às meninas e aos anónimos contempladores de uma araucária que existiu.
Proponho que em vez de uma, se plantem 3, número bonito e de certeza mais difícil de destruir!
E porque as palavras doem, por aqui me quedo!!!