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segunda-feira, setembro 04, 2006

Perdas

Pelo caminho vamos perdendo aqueles que fizeram parte da nossa caminhada. É o ciclo da vida, sabemos todos isso desde o principio. Cada vez que perdemos alguém, ficamos mais pobres. Fica a memória a jogar às cartas com a consciência, essa coisa coisa que pode fazer doer, ou não.
Pelo caminho, ficou-me hoje o Compadre António.
Construiu antes de eu nascer o cinema e a igreja da minha terra ... já lá vão muitos anos, nem sei quantos, que as monografias dos lugares as não guardo na memória.

Em jeito de homenagem sem jeito, por aqui fica a minha velinha acesa, para lhe guardar o sorriso e as boas memórias. Ainda bem que lhe tirei esta fotografia no último almoço que partilhámos.

Com ele andei de burro por terras de Paderne e ouvi estórias de lindas mouras que dormiam numa cisterna que tinha em sua casa. Guardo o fascínio da cisterna, os lençóis estendidos de alfarroba a secar, as amendoeiras carregadinhas de flor e depois de amêndoas que comia transformadas em deliciosos bolos. Guardo o cheiro do pão amassado pela Mãe Mina, e lembro-me de a ver atarefada com pás e paus a tirar do forno um pão que sabia pela vida e exalava odores que ainda hoje me despertam. Era de certeza o melhor pão do mundo como boas são as minhas memórias de férias pela serra algarvia. O lugar ainda existe lá p'ros lados da Cerca-Velha perto do Castelo da moura que morreu de saudades do seu Abencadam!
Até mais ... Posted by Picasa

2 comentários:

Nuno disse...

Essa terra de que contas...
Esse homem que homenageias...
Essas memórias...
Isso que és tu...
Não as conheço essas tuas memórias ou esse teu compadra que nos deixou. Mas ao falares deles... penso que ficámos todos um pouco mais ricos.
A perda do que amamos é a maior das pobrezas... por isso mesmo, penso eu, nunca chegamos a perdê-lo.
Essas memórias... são e continuam tuas.
E ainda vivem...

AntropoLógica disse...

Chego atrasada, mas não quis deixar de ser testemunha desta bonita homenagem. Partilhar memórias que, não sendo minhas, o são um pouco. Porque tudo perdura enquanto o amarmos, e o vivermos nesse mundo que é a lembrança..

A verdadeira perda é o esquecimento. Guardamos em nós (no que somos, no que seremos, no que sonhamos) aqueles cujas vidas se entrecruzaram com as nossas. E isso são pequenos tesouros que não perecem nunca..

Bj,
A,