abstinência
esta é a outra metade mim. a metade que deixou de fumar. a metade que chupa pauzinhos de canela e que com isso entretém a boca e as mãos. é a metade de mim que 45 anos depois de ter nascido descobriu que afinal os iogurtes não eram tão "azedos" como sempre me tinha parecido. como-os de todas as cores, marcas e texturas. com pedaços, sem eles, com aromas, sem aromas, biológicos e com E's, enfim....as compensações possíveis em tempos de abstinência.
Mas esta é a metade de mim que não quer tossir mais de manhã, que quer ser mais livre porque náo tem que andar com uma caixa de coisas fumáveis e fumantes atrás, sempre à procura do isqueiro que nunca se encontra. esta é mesmo a outra minha metade.
Obrigada ao João que deixou palavras bonitas escritas a esta metade de mim, daquelas que dão uma força grande. É que nunca quero ser doente do João! Esta metade de mim, não será doente do João!
Obrigada ao Xavier que me contou a história das suas dduas metades! Prometo encerrar por aqui este assunto. Mas os tempos são de pouca inspiração!em>
8 comentários:
A confissão sempre foi libertadora (bem... nem sempre...).
De qualquer modo, já o nosso amigo Jean Jacques Rousseau dizia: "Sou escravo pelos meus vícios e livre pelos meus remorsos".
Conta a lenda que dormia
Uma Princesa encantada
A quem só despertaria
Um Infante, que viria... O resto do poema conheces acho eu...
"E vê que ele mesmo era A Princesa que dormia."
Força na resolução!
Porque vale TANTO a pena estar aqui. Valem a pena os iogurtes, os seus aromas, o metal da colher nos lábios. Os sorrisos. Um pôr-do-sol. A areia da praia debaixo dos pés. Um dia passado no calor dos que gostam de nós...
Enfim... tudo o que se ganha em troca de uma simples abstinência. :)
Boa sorte e até breve,
A.
Olá Maria,
Apesar de aqui vir por via da tua visita ao meu blog, ou seja, apesar da superficialidade do meu conhecimento do teu blog e do que deixas escapar (sempre se deixa!) pelo que escreves, apercebo-me de que estou na presença de uma alma sensível.
E a propósito ds "metades" veio à cabeça um belíssimo poema do Chico Buarque, que aqui deixo (aliás, por demais conhecido, mas ainda assim aqui deixo).
Chico Buarque - Pedaço De Mim
by Chico Buarque De Hollanda
Ó pedaço de mim!
Ó metade afastada de mim!
Leva o teu olhar,
que a saudade é o pior tormento,
É pior do que o esquecimento,
É pior do que se entrevar...
Ó pedaço de mim!
Ó metade exilada de mim!
Leva os teus sinais,
que a saudade dói como um barco
que aos poucos descreve um arco
e evita atracar no cais.
ó pedaço de mim!
o metade arrancada de mim!
leva o vulto teu
que a saudade é o revez do parto
a saudade é arrumar o quarto do filho que já morreu
Ó pedaço de mim!
Ó metade amputada de mim!
Leva o que há de ti,
que a saudade dói latejada...
É assim como uma fisgada no membro que já perdi.
ó pedaço de mim!
Ó metade adorada de mim!
Lava os olhos meus,
que a saudade é o pior castigo
e eu não quero levar comigo...
a mortalha do amor,
Adeus!
e evita atracar no cais.
Ó pedaço de mim!
Ó metade arrancada de mim!
Leva o que há de ti,
que a saudade dói latejada...
É assim como uma fisgada no membro que já perdi.
Ó metade de mim!
Ó metade adorada de mim!
Lava os olhos meus,
que a saudade é o pior castigo
e eu não quero levar comigo...
a mortalha do amor,
Adeus!
Metades, ou terços, ou partes do que somos ou poderiamos ser. Lembro-me sempre do "Jardim dos caminhos que se bifurcam" do Borges. Metáforas da vida, da condição humana. O que poderia ser se tivessemos seguido outro caminho, o que é de facto neste. A liberdade de escolher, e também o saber que a vida é uma escolha a que estamos irremediávelmente condenados. Condenados e livres de escolher - belo paradoxo...
Mas contente de te ver nesse novo caminho do jardim, nessa tua nova metade.
Vá lá Maria, não te abstenhas de postar!
Tenho gostado deste modo de falar.
Ó Maria, esta abstinência não estará a prolongar-se por demasiado tempo? :)
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