aproveitei o feriado da republica, para visitar outras republicas.
no avião, partilhei viagem com a Nilufer de carne e osso. O romance que levava para distrair a viagem tem por protagonista uma Nilufer dos tempos dos pashas. Não li o romance e ouvi as histórias verdadeiras de uma Nilufer de carne e osso, bonita e ocidentalizada, sem shador e sem ramadão, vinda de um congresso no Brasil e desejosa de chegar à sua Istambul. Aproveitei as dicas, bebi tudo o que durante 4 horas falámos sem parar numa língua que não era nem minha nem dela e que tinha aroma de café ... turco.
Já tinha meio pé lá dentro antes de lá chegar, mas bom mesmo é viver os sítios, cheirar, sentir ... ir fundo dentro da cidade. O Ramadão deu à viagem um cunho especial e foi mote para tertúlias várias e ambientes diversos.
Foi uma viagem mágica por terras de sultões.
Sem dificuldade, gravei em registo para memória futura os chamamentos para as orações, os cheiros das especiarias, o vaivém caótico de gentes e automóveis, as luzes de todas as cores, a dança de tabuleiros cheios de comida que passeiam pelas ruas quando o sol anuncia o cair da noite, o cheiro do café turco, o cheiro do hamam, mas sobretudo a sensação de um povo a delirar sobre a sua identidade. Nada do que é parece, nada do que parece, será!
Bizâncio, Constantinopla, Istambul ... uma memória com história.
Amanhã, sentirei saudades dos cantares do chamamento à oração e muita alegria por estar em casa. Num país onde a republica nasceu há quase 97 anos. Nem sempre de boa saúde, padecendo de maleitas várias, mas orgulhosa do seu laicismo conquistado e vivenciado. É também isso que falta aos turcos. Um novo e mais moderno Ataturk talvez fosse bem vindo e tornasse a Turquia numa Grande Porta, mas aberta!
E o Ramadão continua... por terras do sultão!
4 comentários:
"O Wittgenstein colocou o grande problema da filosofia na (in)capacidade de comunicação. No tempo dele não existia este modernismo de blogar."
Mesmo que houvesse, no tempo dele, essa possibilidade de blogar, ainda assim se manteria o grande problema.
Em Wittgenstein, como para o resto da humanidade, a incapacidade de comunicação não depende dos meios.
Estes são apenas uma 'facilidade' ao serviço da comunicação.
Nunca como hoje houve tantos meios de comunicar.
Mas nem por isso melhorou a comunicação entre as pessoas, entre as culturas humanas, entre as religiões ou, naquilo que nos toca pela vivência actual e imediata, entre o islão e o ocidente.
"Um novo e mais moderno Ataturk talvez fosse bem vindo e tornasse a Turquia numa Grande Porta, mas aberta!"
A Turquia e não só!
E é aqui que surge a utopia: Que venha um novo Ataturk resolver o problema do Wittgenstein.
Mas, pensando melhor, se verdadeiramente queremos resolver o problema da comunicação humana, só nos resta uma saída: Ataturk seremos todos e cada um de nós, construindo Grandes Portas e mantendo-as abertas.
(a propósito, porque me fechaste a tua?)
pois é, há quem prefira as terras do algodão...
Verifico que o meu último post foi premonitório em relação ao nobel da literatura, ganhou o Orlando Algodão (quase de certeza pamuk é algodão, não é que eu saiba turco, mas..., não sei porquê parece-me).
desculpa a brincadeira, hoje não estou para o sério, só para o chefe!
Gostei de recordar a minha estadia em Intambul ao ler o seu post.
Relembrei-me da emoção sentida qdo visitei a Gare do Expresso do Oriente, as mesquitas, Azul, Sta.Sofia, o Palácio...
Depois, de avião desci ao sul e de carro visitei Hierapolis e percorri a costa. E ainda houve tempo para um dia de veleiro até às lhas gregas.
Deixo um abraço. :)
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